domingo, 31 de agosto de 2008

AO PÓ DA PALAVRA


No vaso de barro,
o desejo firmado no pó.
Entoado entre a dor e garganta exposta.
Talvez tivessem que ser rosas,
ou margaridas. Talvez o barro fosse ouro,
ou óleo fino que cinge frontes de agouro
em suas cascas destemidas.
Dos beirais para a imensidão, servas do chão,
iluminarão, como estrelas, mil cordeiros
em tempo de escuridão.



(Direitos autorais reservados).

sábado, 23 de agosto de 2008

PORTAL


(in memoriam de A. Q.)



Ali, o cedro, de algum lugar, chorou mais alto.
Uma estrela azul deixou seus pedaços
pelo chão.
Ferir o coração em fantasia,
arrancada à sombra
de algum momento insano,
quando o homem tomba
– esquecendo de ser humano.


(Direitos autorais reservados)
Publicado no Recanto das Letras em 22/08/2008
Código do texto: T1141059

MODERNIDADE


Aos bandos deslizam
sobre a rocha porosa.
São vermes do paraíso
sobre a peste e a rosa.
Matam a fome imprecisa,
as asas disformes somem.
E na luz engendram o buraco negro
e, sob o ôlho da noite,
se tornam cegos
e homens.



(Direitos autorais reservados)
Publicado no Recanto das Letras em 22/08/2008
Código do texto: T1141043

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

À LUZ DO ONIPOTENTE


Na calada do sol,
Deus tocou a flor
e queimou as lágrimas.



(Direitos autorais reservados).

sábado, 9 de agosto de 2008

AMOR


Ó amor, arcano de pétalas e ternura.

Em tuas asas vou.

Asas reais na minha irrealidade

tão pura...
("Deus proverá")
(Direitos autorais reservados).

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

MOMENTO DE REFLEXÃO


Deus... minha luz. Minha mesa,

meus candelabros de cristal.

Minha esperança desprendida.

Toalha de renda em Noite de Natal.

Amor que nasce da luz dos olhos,

e acende o horizonte de um novo dia.

Lírico clarão do céu, que traz

o pássaro desenhando no azul

a senha da estrela-guia.

Deus... a tristeza que se afoga

na noite imensa do mar.

Conversa da lua com suas estrelas

poesia em ritual de iluminar...

Deus... carvalho silencioso

que me nutre as mãos.

Meu frágil cântaro doloroso e antigo

quebre-o, e molde novo - acrescido

por uma asa do Teu coração.



(Copyright: direitos autorais reservados).

sábado, 2 de agosto de 2008

LUZ DE AGOSTO


Luminosa manhã.

O sol abriu suas asas de luz

e voou sobre os campos,

espargiu a neblina e

o sangue dos ventos

sobre as colinas.

Fugitivas, as sombras da noite

incorporam-se às águas dos córregos

para acarinharem as pedras

e as folhas sem destino...

As canções machucam

o cantar do vento

e se pede silêncio pelos roseirais.

Escondeu-se o orvalho

nos olhos dos espinhos,

para apreender a lição

da luz que sempre chega

para mudar o reino

de todas as coisas.
(Direitos autorais reservados).

POUSO ETERNO


Traços de pássaro nas areias.

Vão com as águas...

Mas o pouso se fez registro

na memória cósmica.

E, fundindo-se às águas,

dançarão para estrelas.




Pequenos e difíceis caminhos

nos conduzem

a montanhas maiores.